Inania Verba
Ah! quem há de exprimir, alma impotente e escrava,
O que a boca não diz, o que a mão não escreve?
-- Ardes, sangras, pregada à tua cruz, e, em breve,
Olhas, desfeito em lodo, o que se deslumbrava...
O Pensamento ferve, e é um turbilhão de lava:
A Forma, fria e espessa, é um sepulcro de neve...
E a Palavra pesada abafa a Idéia leve,
Que, perfume e clarão, refulgia e voava.
Quem o molde achará para a expressão de tudo?
Ai! quem há de dizer as ânsias infinitas
Do sonho? e o céu que foge à mão que se levanta?
E a ira muda? e o asco mudo? e o desespero mudo?
E as palavras de fé que nunca foram ditas?
E as confissões de amor que morrem na garganta?!
Bilac, Olavo. "O caçador de esmeraldas e outros poemas". Rio de Janeiro: Ediouro, 1997.
Perfeito!
ResponderExcluirAetano,
ResponderExcluirGrato por compartilhar este belo poema de Olavo Bilac!
Abraço,
Adriano Nunes
Obrigado, meus caros amigos. Bom que vcs gostaram. Abcs
ResponderExcluirFazia muito tempo que alguém não falava em Bilac.Grata.
ResponderExcluirTambém gostei muito!
ResponderExcluirNa verdade, gosto muito desse tema do real irrepresentável, inexprimível... Tendo a achar que é um tema que se choca um pouco com a forma parnasiana, com o soneto impecavelmente equilibrado. Mais, anda assim, gostei muito! Obrigado por compartilhar. Não conhecia.
Que bom q vcs gostaram, Cris e FTB. Valeu pelos comentários. Abcs
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